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Cuidados ao reformar sua Casa – Master House dá dicas ao UOL

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Sempre que alguém inicia uma reforma em sua casa ou apartamento, não pensa em provocar uma tragédia. Mas a verdade é que se esse trabalho não for conduzido com seriedade e apoio técnico, o sonho de viver em um lugar mais amplo, melhor e sob medida pode se transformar em um pesadelo.

Problemas estruturais decorrentes de intervenções equivocadas são comuns e podem provocar fissuras e rachaduras que comprometem a vida útil da estrutura. Essas patologias exigem manutenção, pois podem levar ao colapso estrutural parcial ou total. Ainda está fresco na memória dos brasileiros o desmoronamento de três edifícios no centro do Rio de Janeiro em 2012, que vitimou 22 pessoas e motivou a criação de novas regras para a realização de reformas em condomínios. Prova de que o assunto é sério e não pode ser ignorado.

O engenheiro civil Flávio Figueiredo, especialista em avaliações e perícias e conselheiro do Ibape/SP (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia), explica que durante uma reforma é possível cometer dois tipos de erros graves. Um deles é a supressão de elementos estruturais, quando se elimina uma peça importante para a estabilidade da construção, por exemplo, uma parede ou um pilar. Outra falha grave é a adição de carga sobre uma estrutura existente e não dimensionada para suportar tal aumento de peso e esforço.

“Ninguém precisa deixar de fazer reforma e melhorias em sua residência. O fundamental é que as alterações sejam executadas com segurança e respaldo técnico”, alerta o engenheiro. O UOL Casa e Decoração elencou a seguir alguns erros corriqueiros e perigosos com sérias implicações estruturais. Inteire-se sobre os equívocos e evite dores de cabeça e acidentes.

Caixa d´água – Muitos são os problemas decorrentes do aumento de carga sobre as estruturas e, por isso, é necessário atenção na hora de substituir ou adicionar caixas d´água elevadas sobre o forro. O engenheiro Flávio Figueiredo conta que, com a preocupação das pessoas em fazer reserva de água, cresce o interesse em ampliar a capacidade de armazenamento dos reservatórios. Mas antes de trocar o recipiente atual por um com o dobro ou mais do tamanho ou adicionar uma nova caixa, vale analisar se a edificação tem condições de receber esse peso extra.

Acréscimo de carga em sacadas – Outros danos estruturais podem decorrer pela adição de peso também em sacadas não planejadas para suportar tal fardo extra. “Isso pode acontecer por causa de cargas concentradas e das chamadas cargas acidentais não previstas como jardineiras, vasos, fechamentos por vidro em varandas, acabamentos de pedra, etc.”, alerta o arquiteto Luis Nishi. “Há quem instale ofurôs em balcões, sem se dar conta do peso que essas banheiras têm”, acrescenta o engenheiro Flávio Figueiredo. Para se ter uma ideia, alguns ofurôs chegam a pesar mais de 300 quilos quando cheios de água. Portanto, antes de adicionar elementos em sua varanda, consulte o condomínio e, também, um engenheiro que possa fazer o cálculo e dimensionar o impacto da ação.

O clássico ‘puxadinho’ – O aumento da construção, quando feito sem acompanhamento técnico, é sempre uma temeridade. “Um problema muito sério é o de quem tem um apartamento de cobertura e resolve construir um mezanino”, cita Figueiredo. “Para aumentar a área construída de uma residência é necessário inicialmente avaliar os tipos de solo, fundação e estrutura. A omissão do investimento nestas etapas pode levar a grandes prejuízos financeiros e físicos”, alerta Comploier.

Piso sobre piso – O aumento do peso de uma estrutura não ocorre apenas com o acréscimo de área construída. O engenheiro Allan Comploier lembra que em função do aprimoramento da tecnologia de argamassas, tornou-se viável a instalação de pisos sobre pisos. Mas isso não pode ser feito indiscriminadamente, pois tende a representar um aumento considerável de carga sobre a laje e, consequentemente, possível comprometimento.

Outro tipo de intervenção que pode gerar problemas pelo aumento de peso estrutural é o nivelamento do piso da sacada com o da sala. Segundo Figueiredo, esse parece ser o tipo de obra inofensivo, mas se houver um desnível acentuado entre os dois ambientes e a equiparação for feita com o preenchimento da diferença por argamassa, pode-se ter em um acréscimo de peso considerável. “Se a estrutura tiver uma margem de segurança para tolerar essa adição, não haverá implicações. Mas se a construção já estiver no limite, as consequências podem variar de fissuras a desmoronamentos”, alerta.

Danos em pilares e vigas – Falhas sérias podem ocorrer também por supressão de elementos estruturais. Isso pode acontecer de forma integral (com a eliminação de um pilar, por exemplo) ou parcial. Neste caso, o erro geralmente se dá quando uma coluna de sustentação ou uma viga é perfurada para a passagem de tubulações. “Muitos pensam que a instabilidade estrutural decorre apenas pela demolição de paredes, mas até mesmo o uso de máquinas leves – como o martelete para demolição de revestimentos – deve ser feito com cautela, a fim de não causar fissuras e trincas na base”, acrescenta o engenheiro Allan Comploier. Ele reforça que o ideal é sempre contratar uma empresa idônea ou um arquiteto para fazer o projeto das intervenções e acompanhar a obra.

Falhas de impermeabilização – Problemas de vedação e infiltração são causa frequente da deterioração da estrutura. O dano, que começa com simples umedecimentos e fissuras, culmina muitas vezes no comprometimento da capacidade de suporte da edificação. O arquiteto Luís Nishi explica que isto acontece quando não são seguidos os procedimentos corretos de impermeabilização em momentos cruciais como na construção de lajes e alvenarias (especialmente fundações), na substituição de pisos e azulejos, em reformas hidráulicas, etc..

Derrubada de parede estrutural – Cada vez mais comum, a demolição de paredes para integrar os ambientes deve ser analisada com muita atenção. Afinal, pôr abaixo uma parede pode afetar gravemente a segurança de moradores e vizinhos da residência, se a alvenaria tiver função estrutural. Em hipótese nenhuma as paredes estruturais devem ser eliminadas ou alteradas, pois elas não são meramente divisórias e, sim, pontos de distribuição de carga e suporte.

Derrubada de parede não estrutural – Mesmo quando a decisão é pela derrubada uma superfície sem função estrutural é preciso cuidado para não comprometer outros sistemas. “É importante verificar, isolar e documentar encanamentos de água, esgoto e gás, conduítes e cabos elétricos que se encontram no interior da parede. Também tenha cautela para não afetar os elementos de apoio circundantes como vigas e pilares”, salienta Comploier.

Por isso, o processo de demolição de uma parede deve ser sempre executado e supervisionado por profissionais competentes e qualificados, como arquitetos e engenheiros civis. Em condomínios, esse tipo de reforma deve ser previamente comunicado ao síndico, conforme o previsto pela norma técnica NBR 16.280:2014, da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

Como saber se pode quebrar? – De forma geral, apenas engenheiros e arquitetos são capazes de avaliar se uma abertura de vão ou a demolição de uma parede pode ser feita com segurança. “No caso de apartamento, o manual do proprietário ou o memorial descritivo fornecido pela construtora é o primeiro instrumento de referência para localizar as paredes estruturais e/ ou que possuem descidas de encanamentos de água, esgoto ou elétrica e que não devem ser suprimidas”, explica o arquiteto Luís Nishi. Adicionalmente podem ser adotados métodos de prospecção ‘in loco’ por rasgos na alvenaria e furos nas lajes para detecção do método estrutural. O mais importante é ter o apoio de um profissional, recomenda mais uma vez Figueiredo, lembrando que o cliente, quando assessorado por um bom projetista, será comunicado caso a intervenção não seja viável e haverá contrapropostas alternativas e seguras.

Reforço de estrutura – Há casos em que, para ser viabilizada, a reforma dependerá da realização de reforços estruturais. Isso pode ser feito com a aplicação de polímeros (argamassa polimérica que diminui as falhas e trincas, por exemplo) e compósitos (fibra de carbono) capazes de dar à estrutura maior elasticidade e resistência, por exemplo. “Esse tipo de solução pode ser usado também para reparos em elementos de base, como baldrames e colunas, em caso de danos”, acrescenta Comploier. Ele conta que técnicas para reabilitação e reforço de pilares e paredes são relativamente simples e viáveis financeiramente, especialmente quando em comparação com o custo de demolição e reconstrução do local.

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